A eletricidade pode ser o principal componente para levar o mundo a um caminho de baixo, e mesmo zero, emissão de carbono até 2050.
A energia elétrica está presente no nosso dia a dia. Desde o simples ato, de manhã, de acender a luz, ligar a cafeteira e ir para o trabalho. Um elemento tão necessário na vida contemporânea também passa a ser o principal caminho de um futuro sustentável.
A eletrificação de tudo diz respeito ao uso de somente energia elétrica, em diferentes aspectos da vida cotidiana, principalmente, em três setores: transporte, indústria e construção. A proposta envolve a substituição de tecnologias que ainda funcionam com o processo de combustão, como os veículos a gás ou gasolina, por alternativas que funcionem com eletricidade, veículos elétricos. A eletrificação seria, portanto, a maximização do consumo de energia conectada à rede elétrica.
Nos Estados Unidos, o Laboratório de Energia Renovável, juntamente com institutos de pesquisas e universidades, realiza estudos sobre o Futuro da Eletrificação (EFS). Nos documentos, são desenvolvidos e avaliados cenários de eletrificação projetados para quantificar os possíveis impactos energéticos, econômicos e ambientais na economia americana.
Em um dos estudos sobre “eletrificação ambientalmente benéfica”, os pesquisadores sugerem que a intensiva eletrificação dos usos finais da energia – como no transporte e no aquecimento da água e do ambiente – é necessária para que os Estados Unidos e o mundo alcancem metas ambiciosas na redução das emissões de dióxido de carbono.
Ainda nos Estados Unidos, o instituto ClimateWorks iniciou um projeto para explorar as prioridades da ação climática e da filantropia, tendo em vista a necessidade de emissões líquidas zero de carbono até meados do século. Entre as cinco prioridades identificadas, a busca da descarbonização na geração de energia elétrica.
O Brasil também tem a eletrificação em vista. No último acordo climático das Nações Unidas, o país se comprometeu a reduzir 43% das emissões de gases do efeito estufa até 2030.
Com uma matriz energética considerada limpa e grande potencial de desenvolvimento da energia eólica e solar, no Brasil, a eletrificação o setor de transportes, responsável por grande parcela das emissões de CO2, aparece como alternativa para o atingimento da meta.
Atualmente, a evolução dos veículos elétricos ainda é freada pelo custo total que é superior a dos veículos de combustão interna. Em contrapartida ao preço, a pressão mundo afora por medidas de redução à emissão de CO2, em um cenário de avanços tecnológicos e aumento da consciência dos cidadãos, são fatores que elevam a urgência pela mudança de paradigma no transporte e, consequentemente, nos demais setores.
Em setembro, a Aneel (agência reguladora do setor elétrico) aprovou 30 projetos de pesquisa e desenvolvimento em mobilidade elétrica, com investimento total previsto de R$ 463,8 milhões nos próximos três anos. Investimento que parece ser o primeiro de muitos. Em 2030, os veículos elétricos vão representar 5% da frota brasileira, diz estudo do Boston Consulting Group (BCG).
Ainda que a necessidade da eletrificação seja consenso entre especialistas em clima e energia, a importância do papel da energia elétrica, em substituição aos combustíveis fósseis, vem ganhando fôlego somente nos últimos anos na sociedade.
Por décadas, a sabedoria convencional foi inversa: a eletricidade seria vista como poluente, com processos de transmissão e distribuição, que envolvia perdas substanciais. Do ponto de vista da conservação, portanto, a eficiência energética estava na queima de combustíveis fósseis.
Os novos tempos trouxeram desafios e mudanças para o setor elétrico. Mais que a garantia do fornecimento a uma demanda crescente, a preocupação com o aquecimento global passou a liderar os focos de ações.
Atualmente, existem opções na geração da energia elétrica que envolvem baixa emissão de carbono, como eólica, solar, nuclear, hídrica, biomassa com captura e armazenamento de carbono (CCS). Embora haja divergências sobre a combinação que gere menos danos ambientais, existe o consenso de que é possível encontrar caminhos para eletricidade totalmente limpa.
O mesmo não ocorre com os combustíveis fósseis, cada vez mais deslocados no mundo moderno. Dados do Relatório da Situação Global das Renováveis 2019 produzido pela BloombergNEF (BNEF) mostram que o investimento global em energias renováveis atingiu 288,9 bilhões de dólares em 2018, superando o apoio financeiro à geração de energia a partir de combustíveis fósseis ($ 272,9 bilhões).
Se por um lado, já há conhecimento sobre a geração de energia elétrica limpa, o mesmo não ocorre com os combustíveis fósseis. O que torna a substituição necessária, a partir do esforço integrado de políticas públicas e intervenções do mercado, que ofereçam maior potencial de escala do uso da energia elétrica nos diversos setores, em prazos consistentes aos objetivos climáticos.
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