Saiba como contribuir para acelerar a jornada de construção de um setor elétrico capaz de gerar impacto positivo no planeta e na sociedade.
O conceito de ESG não é exatamente uma novidade – ele foi criado há quase 20 anos pela Organização das Nações Unidas (ONU) junto a 50 CEOs de grandes instituições financeiras. O objetivo era buscar formas para integrar fatores sociais, ambientais e de governança ao mercado de capitais. Mas, a partir dessa movimentação, foi possível notar a força que as boas práticas empresariais têm para gerar melhorias em diversos aspectos da sociedade. Dessa forma, os valores ESG passaram a ser incorporados às estratégias de companhias de sucesso ao redor do planeta.
Fato é que, dia após dia, o conceito vem ganhando grande repercussão nos debates do mundo corporativo e gerando impacto nos mais variados setores da economia. O que antigamente vinha sendo discutido apenas dentro da pauta de “sustentabilidade”, agora ganhou uma proporção maior através da sigla ESG:
Environmental, Social and Governance (na tradução literal: Ambiental, Social e Governança).
O termo refere-se a condutas empresariais relacionadas aos aspectos:
Ambientais, cujas práticas devem ser realizadas em conformidade com o meio ambiente e com a manutenção dos seus recursos, com a sustentabilidade e com a redução de impactos negativos;
Sociais, com o desenvolvimento de práticas em prol das responsabilidades sociais e trabalhistas, além do emprego de estratégias que valorizem o respeito, a saúde mental dos colaboradores, a diversidade e a inclusão;
De Governança,
cujos processos de administração devem ser pautados na ética, na credibilidade e em relações empresariais baseadas na transparência e na comunicação eficiente.
De acordo com um levantamento realizado em 2021 pela Bloomberg, importante agência de notícias e companhia do setor financeiro e tecnológico, o mercado de ativos ESG é estimado em valor superior a 30 trilhões de dólares. Mas as estimativas projetam crescimento até 2025, atingindo o valor de 53 trilhões de dólares – um terço dos ativos globais. A perspectiva ainda aponta que, cada 10% de gastos com ESG projeta crescimento de 1% no lucro do negócio (dados do estudo global da Infosys presentes no relatório ESG Radar 2023).
O mercado brasileiro já entendeu a importância dos critérios ESG e está se movimentando, entretanto, uma série de pequenas e médias empresas ainda trata o conceito como “estratégia de futuro”, como se a sustentabilidade e o crescimento dos negócios fossem decisões opostas. É preciso que esse entendimento mude, visto que o próprio consumidor final, consciente do papel que as empresas e a sociedade têm de cuidar do planeta, vem cobrando que as marcas se posicionem e apliquem os princípios de ESG. Inclusive, o rating de sustentabilidade das empresas tem sido priorizado na hora do fechamento de negócios e da manutenção de conexões entre clientes, companhias e investidores. Segundo o 2018 Climate Change and Sustainability Services da multinacional Ernst & Young, as informações ESG são fundamentais para a tomada de decisão de investimentos.
É um fato: a adoção das práticas de ESG tem ampliado a competitividade no setor empresarial e tem sido atrelada à indicação de solidez, melhor reputação e sucesso a longo prazo.
O mercado brasileiro de energia também está se voltando para a incorporação de critérios
ESG em suas operações. O tema vem sendo amplamente discutido em meio às corporações e tornou-se prioridade para a maioria das empresas de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia. Esse movimento é impulsionado tanto por políticas governamentais quanto por forças de mercado, já que investidores e consumidores vêm exigindo opções de energia mais limpa e sustentável.
No Brasil, uma das principais tendências apontadas para o setor de energia está relacionada com as fontes de energia renováveis, especialmente nas áreas de energia eólica e solar – e isso tem criado interessantes oportunidades para o mercado. Outro aspecto que vem ganhando destaque é a crescente atenção aos impactos sociais e ambientais da produção e distribuição de energia, como questões que envolvem o uso da terra, direitos indígenas, gestão de água e economia circular (uso dos 3R’s: reduzir, reutilizar e reciclar).
A descarbonização também é um ponto crucial para o mercado de energia e tornou-se prioridade para governos e corporações. Na Europa, o governo já vem trabalhando para cortar as emissões de gases de efeito estufa da União Europeia em 55% até o ano de 2030. Por lá, as empresas estão sujeitas ao sistema de comércio de emissões com limite de emissão de carbono e taxações específicas (o hidrogênio, o aço, o ferro, o cimento, os fertilizantes e a eletricidade estão na lista de produtos alvos da taxação). Pensando no impacto global, a Europa também busca incentivar outros países do mundo a adotar mecanismos de precificação de carbono - e ao que tudo indica, essa tendência não deve demorar a chegar no mercado brasileiro.
Em se tratando de Governança, uma das áreas essenciais para o mercado de energia é o
investimento em relações mais transparentes e responsáveis, sejam elas com os colaboradores, fornecedores, clientes, investidores e demais
stakeholders
– somada à
comunicação eficiente.
Aqui cabe um ponto importante: as tecnologias digitais são fundamentais para a criação de um mundo “mais ESG”, assim como as
deeptechs
são fundamentais para a transição energética. É através da Transformação Digital (tema do nosso Ciclo de Inovação anterior) que as companhias são capazes de expandir os processos e implantar as estratégias de ESG com eficiência para a cadeia produtiva, além de permitir que a cadeia de consumo seja vista com
mindset digital. Já o sucesso da transição energética é definido principalmente pelas empresas de tecnologia cujas soluções são compostas por hardware e se baseiam em questões tecnicamente complexas.
Assim, a Digitalização e o ESG passam a “andar juntos” na modernização do setor elétrico:
buscar o progresso, sem abrir mão da responsabilidade, tornou-se premissa básica. E essa responsabilidade está diretamente relacionada com a geração de um impacto positivo no planeta e na sociedade.
É importante ressaltar que as empresas que não se adaptarem às expectativas do mercado podem perder terreno para concorrentes “mais responsáveis”. Portanto, é relevante que as empresas da indústria de energia no Brasil deem atenção adequada aos critérios ESG, a fim de garantir sua competitividade e sucesso a longo prazo. Ignorar os critérios ambientais, sociais e de governança pode ter consequências significativas: a falta de atenção aos impactos ambientais e sociais pode levar a problemas de reputação e desafios regulatórios, além de aumentar o risco de ações judiciais. Relações pouco transparentes ou antiéticas, por sua vez, tendem a impactar nos investimentos, no acesso ao financiamento e na confiança do mercado.
São muitos os desafios para a indústria de energia, mas os primeiros passos já estão sendo dados: engajar com os princípios de ESG e planejar estratégias que promovam mudanças estruturais que visem gerar impacto positivo e sejam capazes de mitigar impactos negativos.
Começamos 2023 com um novo Ciclo de Inovação no Energy Future e o ESG foi o tema escolhido para as próximas discussões, desafios e a chamada setorial.
O Ciclo de ESG visa fomentar o desenvolvimento tecnológico e de inovação através da aplicação de soluções que envolvam os aspectos ambientais, sociais e governamentais no setor elétrico. Além disso, busca avaliar quais as suas tendências e perspectivas para os anos seguintes; discutir qual o momento das empresas brasileiras nessa jornada; quais os seus caminhos de estruturação e entender como a inovação pode acelerar a construção de um setor elétrico que gere um impacto mais positivo no planeta e na sociedade.
Para elucidar as discussões, compartilhar conhecimento, trocar experiências e promover as mudanças estruturais, vamos conectar agentes estratégicos do mercado de energia com o ecossistema de inovação.
Sua empresa está se movimentando em prol de um setor elétrico “mais ESG”?
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