País possui vantagens estratégicas e tem potencial para ser o maior produtor mundial.
A construção de um mundo mais sustentável é fundamental e urgente para o futuro do planeta. Nesse contexto, buscar a neutralidade de carbono é essencial e a meta mundial é que isso ocorra até 2050. Atualmente, o hidrogênio verde é visto como um grande aliado nessa missão e é considerado a “nova energia do futuro”. Ele pode ser obtido ao se utilizar uma corrente elétrica para separá-lo do oxigênio existente na água. Quando o processo é realizado com energias renováveis, como a eólica e a solar fotovoltaica, deixa de emitir dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Para o setor elétrico brasileiro, esse é um segmento com grande potencial de desenvolvimento e que contribuirá com o processo de transição energética.
Substituir mundialmente todo o hidrogênio cinza (produzido a partir de fontes fósseis como diesel, gás natural e biogás) significaria 3.000 TWh renováveis adicionais por ano, o que é similar à demanda elétrica atual na Europa, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). O hidrogênio verde, além de 100% sustentável, é de fácil armazenamento e é versátil: pode ser transformado em eletricidade com aplicação para fins domésticos, comerciais, industriais ou de mobilidade.
Os pontos de atenção para a produção de hidrogênio verde se encontram nos custos e nos protocolos de segurança, visto que se trata de um elemento bastante volátil e inflamável. Austrália, Alemanha, Holanda e China estão entre os países que lideram essa produção e o Brasil é cotado para entrar nessa lista, uma vez que o território nacional possui algumas vantagens estratégicas: potencial de energia renovável, boas condições climáticas e geográficas, metas de redução de poluentes e reconhecimento de oportunidades em variados setores.
Importante ressaltar que o hidrogênio verde não atua como um concorrente no mercado, mas como um complementar a outras fontes, podendo se destacar. Segundo o consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis, Jurandir Picanço, “o Brasil tem potencial de produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo e acelerar o crescimento econômico, exportando o material para outros países”, de acordo com declaração do especialista para a página Diário do Nordeste. Para ele, o principal fator que contribui para o destaque do Brasil e, principalmente, da região Nordeste, é a qualidade e a abundância das fontes de energia renovável presentes no país.
O Hydrogen Council, iniciativa global articulada por 92 empresas líderes de energia, transporte, indústria e investimentos, estima que até 2050 toda a energia consumida no mundo será proveniente de hidrogênio verde. Isso significará um mercado calculado em US$ 2,5 trilhões, o que representa uma excelente oportunidade para o Brasil em termos de desenvolvimento e posicionamento no cenário mundial.
Embora o governo brasileiro já tenha anunciado as diretrizes da Política Nacional do Hidrogênio, o mercado ainda necessita de regulações e incentivos para que o produto seja inserido na matriz energética nacional. Ainda não existem regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e nem da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que regulem produção, armazenamento e transporte de hidrogênio para usos energéticos.
Essa regulação será importante para o contexto de transição energética e para o cenário projetado para os próximos anos, com novos modelos de mercado e processos de produção. Com a evolução dos sistemas de armazenamento, inclusive utilizando hidrogênio como molécula, além das baterias de lítio, as distribuidoras de energia passarão a atuar cada vez mais como comercializadoras. A tecnologia será a grande aliada para viabilizar novos produtos e serviços ao consumidor final que será atendido nesse futuro mais verde que hoje nos empenhamos em construir.
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